Este é para os que tocam qualquer instrumento e já tiveram essa sensação: depois que você aprende a tocar um instrumento qualquer e o domina você nunca mais vai ouvir uma música da mesma forma que você ouviria antes.
Você passa a notar cada acorde, cada nota, cada som produzido e se aquilo lhe for satisfatório, inconscientemente e inevitavelmente você vai incorporar aquele pequeno ou grande detalhe musical a sua forma de interpretar a música.
Pessoalmente eu sempre fui um grande fã de Aerosmith, mesmo antes de saber fazer um sol com o violão ou saber que os intérpretes das minhas favoritas Dream on, Mama Kin, Cryin’, Crazy dentre outras eram Steven Tyler, Joe Perry, Brad Withford, Tom Hamilton e Joey Kramer.
E nesse estágio, quando eu só escutava a música pelo prazer de escutar na minha cabeça a minha querida Dream On era uma música simples de ser tocada, e que teria poucos e fáceis acordes.
Quando eu já havia aprendido as notas mais simples e já começava a dedilhar minhas primeiras músicas, pedi ao meu amigo, que me ensinou a tocar violão que me ensinasse à famosa canção do Aerosmith, e ele me respondeu com um sorriso irônico e um tapinha nas costas, seguido de um malandro “tu ta entrando no ônibus agora é já quer sentar na janela mermão? ainda vai ter que comer muito feijão com arroz até conseguir tocar uma dessas!”
Intrigado com a resposta e até mesmo um pouco revoltado com o desprezo que meu querido amigo mestre tivera com minhas “habilidades” que eu fui procurar estudar aquela simples música por mim mesmo, afinal, não havia como ser difícil!!!
Tamanha foi minha perplexidade diante de tantos acordes, notas, tons, e variações que havia naquela “simples” canção de 4.27 minutos que eu quase desisti de tocar... Fiquei desmotivado, pensava eu que nunca conseguiria reproduzir aquele divino som proveniente da guitarra de Joe Perry com a minha total imperícia com o instrumento.
Contando o fato ao Rafael, esse grande amigo meu que me ensinou os primeiros acordes e que junto dele montei minha primeira banda, ele calmamente me explicou algo que pode ser aplicado em várias coisas na vida:
“Talvez uma música pequena e simples, pode conter acordes que até o mais perito dos instrumentistas tenha que se desdobrar para interpretá - la, como longas e belas canções sejam feitas com acordes tão simples que até o mais leigo dos músicos consiga interpretá – la com perfeição.”
Na época, eu havia ganhado de outro amigo meu, o DVD duplo “Use Your Illusion – Live in Tókio 1992” do Guns N’ Roses e estava viciado em ouvir músicas como Patience, Don’ t Cry, You Could be Mine, Sweet Child o’ Mine, Paradise City, Knockin’ on Heavens Door, mas nem mesmo cogitava a hipótese de aprender alguma dessas músicas que eu tanto gostava, porque na minha cabeça de até então “escutador livre”, músicas como aquelas só deviam ser tocadas por mestres lendários da guitarra, e nunca um mísero aprendiz como eu conseguiria a façanha de arrancar melodias tão poderosas do meu simples instrumento.
Pois bem... Para minha grata surpresa, meu amigo me sugeriu que eu aprendesse Knockin’ on Heavens Door, que até hoje é uma das minhas músicas preferidas, e que eu julgava dificílima de tocar naquela altura do campeonato.
Fiquei muito surpreso com a facilidade e com a simplicidade de se interpretar aquela obra prima de Bob Dylan, que foi aditivada com os magníficos solos e dedilhados de Slash no Guns N’ Roses que não hesitei em aprender em sequência talvez duas das canções mais belas da história do Rock, as baladas Patience e Don’ t Cry, e mais surpreso ainda eu fiquei em ver a forma tão simples que aqueles acordes eram postos na música, fazendo uma combinação perfeita resultante naquele belo som.
Depois daquela grande lição de moral sobre música digna de Senhor Miyagi com Daniel San em Karatê Kid, e de ir me aperfeiçoando ao longo do tempo com meu instrumento fui percebendo que pra se ter uma grande canção que se torne consequentemente um grande hit de sucesso, você não precisa necessariamente ter um orgasmo musical usando os dez dedos e a língua ao mesmo tempo para fazer um acorde, talvez uma simples combinação de batidas se torne algo arrebatador a ponto de cativar seu ouvinte à primeira escutada!
Claro que você pode realmente fazer algo inesquecível usando os dez dedos e a língua, como pode fazer algo próximo do incompreensível se o que você souber for só algumas batidas, mas para toda regra há uma exceção...
Se você compuser, sempre escreva, leia, e reescreva, toque, tente achar pontos negativos para removê – los e tente caprichar naqueles que você julga que são seus pontos positivos.
Procure sempre escutar boa musica, garimpem coisas antigas dos seus ídolos, musicas não lançadas, álbuns pouco comentados e abra sua mente pra tudo que for novo e combine com o seu estilo, pois de onde menos se espera você pode achar o elemento que vai diferenciar a sua música, mas nunca deixando que a cereja no topo do seu bolo de influências seja sempre vinda de você.
Qualquer musico com um pouco de criatividade pode criar algo que venha a agradar a mais gente que ele imagina, ou pode surpreender dando uma nova cara a aquele sucesso musical que ele tanto idolatra, afinal, na música e na vida, às vezes nem tudo é o que se parece!...
Alvaro Gomes
@alvarogomes_

Acho que a boa musica tem que soar o mais atemporal possivel e ainda assim soar atual
ResponderExcluireh como essas musicas soavam na época e soam ate hoje
um trabalho conjunto entre composiçao,produçao e mt suor eh oq da a diferença num trampo alem da criatividade claro